quarta-feira, 31 de julho de 2013

É só incompetência ou é crime?



   Na semana passada, ouvimos a notícia que um aeroporto foi construído, mas a estrada de acesso não foi sequer iniciada. Hoje eu ouvi a notícia de que há usinas eólicas, nos estados da Bahia e Rio Grande do Norte, sem linhas de transmissão.
   Essas usinas eólicas estão prontas há um ano, mas as linhas de transmissão não foram construídas. As empresas que construíram as usinas eólicas estão recebendo pela energia que seria gerada. Quem paga é o consumidor, e não é pouco, foram aproximadamente 400 milhões pela energia que as usinas eólicas não geraram por falta de linha de transmissão.  
   Neste caso, o consumidor paga duas vezes. Paga uma energia que não foi gerada e paga até dez vezes mais caro pela energia suja gerada pelas térmicas que funcionam no período de pouca chuva. Além disso, sofre os efeitos da poluição do ar.
   Este é o chamado custo Brasil. É o custo da incompetência criminosa. Crime contra o consumidor. Enquanto isso, os 39 ministros estão usufruindo suas mordomias.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

O mar de lama e a tradicional incompetência dos políticos



   Não resta dúvida, vivemos no país dos excessos. Excesso de incompetência. Excesso de corrupção. Excesso de condenados livres. Chegamos até confundir deputado com condenado. Excesso de irresponsabilidade. Agora temos um mar de lama em Guaratiba que, certamente, aparecerá nas mídias do mundo inteiro.
   A lama de Guaratiba é um exemplo de desperdício de dinheiro e uma demonstração cabal da incompetência dos planejadores que conseguiram seus empregos sabe-se lá como. Agora, o Ilustríssimo, mas pouco ilustrado, Prefeito do Rio de Janeiro é quem está fazendo uma acrobacia verbal para explicar e justificar uma incompetência que podemos chamar de tradicional ou total.
   Estou falando de lama para não falar da falta de banheiros para os peregrinos na praia Copacabana. E o transporte coletivo, durante a Jornada Mundial da Juventude, está caótico.
   Como sempre, ninguém assume as responsabilidades pelas decisões equivocadas e incompetentes. Fico com vergonha só de pensar o que poderá acontecer durante a Copa do Mundo, em 2014, e nas Olimpíadas em 2016.

              PS:  A lama de Guaratiba custou 6 milhões de reais. O local era um mangue. Devemos lembrar que a Natureza na revida, ela se vinga.
 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Somos tratados como bobos



   De acordo com as informações da Folha de São Paulo, o ministro dos esportes usou o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir a Cuba durante o carnaval deste ano. Nesta viagem, o ministro levou a mulher, o filho e assessores.
   Em nota, o Ministério do Esporte disse que a viagem da mulher e do filho do ministro não gerou custos aos cofres públicos.
   Se a lei não autoriza o transporte de familiares, então o ministro infligiu à lei e deve receber as punições cabíveis. A nota do Ministério do Esporte, afirmando que esta violação da lei não gerou custos aos cofres públicos, é mais uma ofensa a inteligência do contribuinte.
   Se o acréscimo de peso no avião não gera custos, então as companhias aéreas não deveriam cobrar pelo excesso de bagagem dos passageiros. Na realidade, todos sabem que o aumento de peso no avião, ou mesmo em um carro, aumenta o gasto de combustível.
    Se a nota do Ministério do esporte fosse verdadeira, então um avião que transporta dez passageiros, por exemplo, pode levar mais dois sem gerar custos adicionais.
   Seguindo este raciocínio, pode-se afirmar que um avião que transporta doze passageiros pode levar mais dois passageiros sem gerar custos, isto é, quatorze passageiros sem gerar custos.
   Com o raciocínio, implícito na nota do Ministério do Esporte, concluímos que se o ministro resolvesse levar todos os seus parentes para visitar Cuba também não haveria custos adicionais para os cofres públicos, isto é, para o bolso dos contribuintes que sustenta o peso da corrupção no Brasil.
   Enquanto isso há atletas sem um local para treinamento. Sem patrocínio e sem nenhum apoio. Mas o Senhor Aldo Rebelo (PCdoB) continua na mordomia.

sábado, 20 de julho de 2013

A falta da definição de um conteúdo curricular



   As autoridades educacionais do nosso país, aparentemente, não percebem que é necessário definir claramente um conteúdo mínimo que deve ser trabalhado com os alunos em cada série e para cada disciplina. Isto deveria ser feito para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
   Isto não tira a liberdade dos professores. Cada professor dever ter a liberdade de escolher o livro texto e a maneira de abordar o conteúdo da sua disciplina.
   Esta liberdade é fundamental, pois o conteúdo deve ser apresentado de maneira acessível ao público alvo. Há diferenças significativas de uma região para outra, de um bairro para outro, de uma escola para outra, mesmo quando estão no mesmo bairro, e até de uma turma para outra na mesma escola.
   Enquanto não for definido um conteúdo mínimo para cada disciplina de cada uma das séries, estaremos limitando as oportunidades e comprometendo o futuro de milhões de jovens. O acesso ao conhecimento é direito de todos os jovens.
   Sem uma educação não estamos comprometendo apenas o futuro de milhões de adolescentes, estamos comprometendo o futuro do nosso país.
   Na disciplina de física, por exemplo, quando começamos a estudar determinado assunto, surgem perguntas do tipo: “Para que serve isso? Qual a vantagem de estudar física? Qual a utilidade desse assunto?”.
   Essas perguntas são respaldadas por alguns professores que consideram como fundamental, no seu programa de instrução, o critério de utilidade ou aplicabilidade imediata.
   É comum o argumento de que este ou aquele assunto deveria ser excluído do programa porque o estudante não poderá usá-lo na prática.
   Realmente, o imediatismo de uma aplicação direta pode segurar a atenção de um estudante; todavia, quando a aplicação passa a ser o triunfo e o conhecimento meramente um meio para um fim, as perguntas revolucionárias desaparecem, a busca pelo conhecimento perde a sua dinâmica e a criatividade dos alunos pode mergulhar no “oceano” da suposta inutilidade.
   Esse método não é consistente com a evolução do conhecimento, pois a indução eletromagnética não foi descoberta por pessoas práticas que estavam procurando uma maneira de gerar eletricidade.
   Como a corrente elétrica defletia a agulha de uma bússola, Faraday supunha que uma corrente elétrica poderia induzir outra corrente. Mas ao realizar a experiência, ele observou que a alteração (ou variação) da corrente elétrica produzia a indução.
   Não foram empreendedores que queriam transmitir sinais de televisão via satélite que descobriram as ondas eletromagnéticas. O objetivo de Hertz era comprovar a existência das ondas eletromagnéticas previstas na teoria de Maxwell.
   O raio laser não foi descoberto por físicos pagos para desenvolver uma nova arma de guerra. O desenvolvimento do raio laser teve início com um trabalho de Einstein sobre a absorção e emissão espontânea de radiação pela matéria.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Uma fábula



   É notória a falta de ressonância entre Brasília e os anseios da população. Para explicar este fato, apresento a seguir uma versão de uma fábula que circula através das redes sociais.
  
Conta-se que um rei resolveu sair para pescar.
Ele chamou o seu assessor meteorologista e solicitou a previsão do tempo para aquele dia que estava, até aquele momento, lindo e ensolarado.
O assessor meteorologista, que obviamente havia conseguido um diploma sem muito esforço, assegurou ao monarca que o tempo permaneceria estável.
Animado com esta informação, o rei convidou sua noiva para acompanhá-lo. Ele queria impressioná-la com suas habilidades para pescar.
No caminho, o rei encontrou com um camponês montando seu burro. Quando o camponês percebeu que o rei estava indo pescar, ele disse: “É melhor vossa majestade desistir da pescaria, pois vai chover muito durante esta tarde”.
O rei respondeu imediatamente ao camponês: “Eu tenho um assessor meteorologista que disse que esta tarde será ensolarada”.
Ao ouvir esta afirmação o camponês abaixou a cabeça e seguiu o seu caminho. Enquanto o rei seguiu em frente. O problema é que ao chegar à margem do rio, o tempo começou a mudar. O sol desapareceu e a chuva foi torrencial.
O rei e sua noiva ficaram encharcados. A pescaria foi um fiasco.
O rei voltou furioso para o palácio e demitiu o assessor meteorologista. Em seguida ele mandou chamar o camponês. Quando o camponês chegou, o rei disse: “o cargo comissionado de assessor meteorologista é seu”.
O camponês disse: “Majestade, eu não entendo nada de previsão do tempo. Só sei que quando vai chover as orelhas do meu burro ficam caídas”.
Imediatamente, o rei contratou o burro como assessor, que passou o resta da vida pastando as gramas do jardim do palácio real.
Assim surgiu a tradição de escolher como assessores somente aqueles que têm orelhas alongadas.

O congresso e a constituição



   Os congressistas entraram de férias sem votar as diretrizes orçamentárias. A constituição é clara, o congresso só pode entrar em recesso após a aprovação do “rascunho do orçamento”, mas não é o que está acontecendo. Em um congresso onde há congressistas condenados pela justiça exercendo funções parlamentares, não é de surpreender o desrespeito à Constituição.
   Provavelmente, quando a população tentar invadir o congresso novamente, os parlamentares novamente fingirão que estão trabalhando. Eles não trabalham não cumprem a Constituição, mas recebem seus polpudos salários. Todas as pessoas com as quais eu conversei, nos últimos vinte dias, do barbeiro ao médico, estão revoltadas com os políticos.
   Os políticos brasileiros estão com a chamada síndrome das fadas madrinhas. As fadas movimentam a varinha mágica e as coisas acontecem, os políticos fazem o discurso e ficam esperando as coisas acontecerem. Eles fingem não saber que no mundo real, é preciso muito trabalho e competência para as coisas acontecerem.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Manifestação chapa branca



   As manifestações que ocorreram hoje foram bem diferentes das manifestações anteriores. Além de serem manifestações à moda antiga com convocações usando panfletos nas portas das fábricas, elas tinham lideranças e foram a reboque das manifestações espontâneas  que ocorreram durante a Copa das Confederações.
   Na realidade, os sindicalistas ainda não entenderam bem as manifestações anteriores, mas estão tentando capitalizá-las. As centrais sindicais não se entenderam, de um lado estavam os amarelinhos e do outro estavam os vermelhinhos. As cores dos coletes representavam as centrais sindicais. Essas centrais sindicais têm vínculos fortes com partidos políticos.
   Uma das centrais sindicais era chapa branca, pois reivindicava justamente as propostas do Palácio do Planalto e a outra fez algumas reivindicações moderadas de oposição. As reivindicações foram superficiais, não se reivindicou, por exemplo, uma nova forma de governar, competência na gestão pública e o fim da corrupção. 
   Há um boato de que os manifestantes ganharam para ir à manifestação na na Av. Paulista.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

PAGANDO PARA ESPERAR



   Hoje eu fui à UNIMED CURITIBA para liberar uma guia de internação para a minha filha Gabi. Entrei às 13:22 h no estacionamento da UNIMED que é administrado pela ESTACIONAMENTOS EASY PARK LTDA. Tive que esperar para ser atendido e saí às 14:09 h, isto é, precisei de 47 minutos para encaminhar o meu pedido.
   Como o tempo de atendimento mais o tempo de espera superaram os 30 minutos, eu tive que pagar estacionamento para a EASY PARK. Este é pequeno exemplo de como os contribuintes são explorados aqui no Brasil. Além de pagar o INSS, pago um preço exorbitante pelo seguro saúde. Como se isso não bastasse, eu enfrento uma maratona para internar a minha filha e ainda pago para esperar. ISTO É GOVERNAR PARA O POVO, explorar e sufocar os contribuintes. Não é por acaso que o custo de vida no Brasil já é um dos mais caros do MUNDO. ISTO É QUALIDADE DE VIDA E CIDADANIA! Obviamente, só nas propagandas governamentais, pois na realidade somos reféns dos exploradores. Perceberam como é “EASY” ganhar dinheiro no Brasil?
   

domingo, 7 de julho de 2013

Maus exemplos para os jovens



   Na iniciativa privada, os funcionários das grandes empresas recebem de acordo com suas qualificações. Na administração pública, os funcionários civis de carreira, isto é, que realizaram concursos para ingressar no serviço público, também recebem salários de acordo com suas qualificações.
  Os policiais civis e militares recebem de acordo com suas qualificações. Os militares das forças armadas recebem de acordo com suas qualificações. Os professores também recebem de acordo com suas qualificações. Por exemplo, um professor com o título de doutor tem um salário maior que um professor com o título de mestre. Um professor que tem apenas uma especialização, além da graduação, recebe menos que um professor com o título de mestre.
   Por que os políticos não recebem de acordo com suas qualificações? Nada contra um político com pouca escolaridade. Afinal, ele foi escolhido para, supostamente, representar os seus eleitores. Mas ele deveria receber de acordo com suas qualificações.
   Além dos políticos, existem os chamados assessores (popularmente conhecidos como “aspones”) e as pessoas que ocupam os chamados cargos comissionados. Nos cargos comissionados existem pessoas que são qualificadas, mas a grande maioria delas jamais conseguiria ganhar o mesmo salário no mercado de trabalho por falta de qualificação.
   Já ouvi muitos estudantes dizerem que para ganhar dinheiro não é necessário estudar, basta ser político ou assessor de um político. Os empreendedores trabalham muito e geram empregos com seus empreendimentos e muitos até enriquecem. Os políticos empregam assessores (“aspones”) que são sustentados com o erário público. Atualmente cada deputado federal pode empregar até vinte e cinco assessores.
  Está na hora de exigir que os salários dos políticos e seus assessores sejam de acordo com a qualificação de cada um, como acontece, por exemplo, com os professores universitários. Esta anomalia coloca os políticos e seus assessores como cidadãos superiores ao restante da população.
   Precisamos acabar com este mau exemplo para a nossa juventude. O Brasil precisa de pessoas qualificadas e talentosas. Para incentivar os jovens a estudar, nós precisamos de bons exemplos. As pessoas que dão maus exemplos como os políticos prestam um desserviço à sociedade e ao futuro dos nossos jovens.

sábado, 6 de julho de 2013

Representante virtual



   As manifestações de rua e os apoios das janelas mostram um descontentamento da população que abrange os poderes legislativo, executivo e judiciário. Uma lista com os escândalos envolvendo os poderes legislativos, nas esferas municipal, estadual e federal, durante os últimos vinte anos, provavelmente, teria mais páginas que todos os volumes da Enciclopédia Britânica.
   Chegamos a uma situação insustentável, existem mais de vinte partidos com representantes no Congresso, mas eles não refletem os anseios e a indignação da população. Entre os deputados e senadores predominam os interesses próprios, os interesses dos partidos e das empresas que financiaram suas campanhas. Os programas dos partidos não saem do papel. Os partidos não entram em ressonância com as necessidades da população.
   As manifestações de rua obrigaram os deputados e senadores a trabalharem. Eles estão aprovando algumas medidas paliativas. Mas ainda não entenderam que os tempos mudaram, as pessoas estão conectadas. É preciso efetuar mudanças no sistema político que levem em conta os efeitos coletivos das redes sociais.
   Como os partidos políticos estão sem credibilidade, a desmoralizada democracia representativa não funciona mais. É preciso mudá-la para um sistema misto. Com a tecnologia atual já é possível adotar um sistema de representação misto, com as modificações:

- Reduzir o número de deputados federais dos atuais 513 para 250;
- Adotar o voto distrital e tornar o voto facultativo (o custo das campanhas eleitorais seria drasticamente reduzido);
- Cada distrito elege um deputado e tem direito a mais um representante virtual, isto é, a decisão por maioria simples dos votos, via Internet, dos eleitores de cada distrito.

Mudanças similares podem ser feitas nas esferas municipal e estadual.

   Com esse sistema, pelo menos nas questões importantes ou polêmicas, os eleitores participariam diretamente das decisões, além de propiciar uma enorme economia para os cofres públicos. Esse dinheiro economizado poderia, por exemplo, ser usado para melhorar os salários dos professores da rede pública, dos médicos e enfermeiros dos hospitais públicos, e dos policiais.

   Eu não tenho a ilusão de que este sistema misto, ou algo similar, será adotado tão logo no Brasil. Mas as redes sociais vieram para ficar, as pessoas tomam conhecimento de um determinado fato e imediatamente “irradiam” a informação para os amigos. Assim como as formigas não precisam de uma líder para convocá-las e comanda-las durante o ataque a uma presa. As pessoas não precisam mais de um líder para convocá-las e liderá-las durantes uma manifestação por melhores serviços públicos ou para exigir seus direitos.

terça-feira, 2 de julho de 2013

A democracia interativa está chegando



   Os historiadores citam o século VI a.C. como o milagroso século de Pitágoras, Buda, Confúcio e Lao -Tsé e dos filósofos jônicos. Pois, foi nesta época que ocorreu o desabrochar helênico ou febre jônica.
   A grande revolução do pensamento humano começou e as cidades-estados da Jônia, na costa oriental do mar Egeu, adquiriram renome por suas tradições intelectuais. Foi neste lugar do espaço e no tempo que foi o momento da elevação do espírito humano. O momento quando iniciou a grande aventura com as explicações racionais para os fenômenos naturais, que, em pouco mais de dois milênios, transformaria a espécie humana mais radicalmente do que havia sido feito pela evolução nos 200 milênios anteriores.
 O nascimento da democracia
   Antes do séc. VI a.C., Atenas e outras cidades gregas eram governadas por monarquias. Mas os conflitos levaram à tomada do poder pelos ricos proprietários e comerciantes. Essas oligarquias ficaram caracterizadas por profundas instabilidades, pois os direitos políticos, sociais e civis não eram compartilhados pela maioria da população. Neste momento, indivíduos ambiciosos se aproveitaram para tomar o poder e instituir a tirania. Assim, uma cidade após a outra passou a ser governada por tiranos.
   Os tiranos muitas vezes cortejavam o povo com doações de terras e obras públicas. A maioria dos tiranos procurava governar de uma maneira sensata e com uma dose de populismo para garantir a estabilidade política, mas alguns eram brutais.
   Na maioria das cidades gregas, a reação usual contra a convulsão social era a tirania. Mas no ano de 508 a.C., Atenas inovou. A população insurgiu contra a tirania sanguinária da época e convidou Clístenes, que estava exilado, para governar Atenas.
    Clístenes, embora fosse da elite grega, compreendeu que não podia governar como um tirano, pois o seu poder emanava do povo. Assim, de alguma forma, o povo deveria participar efetivamente do seu governo.
   Em um discurso inspirado em uma encosta pedregosa junto à Acrópole, Clístenes adotou a constituição da época de Sólon, mas com algumas modificações extremamente importantes no sistema político de Atenas.
   Todas as classes passaram a ter direito a voto nas decisões importante. Os Atenienses se agrupavam sem preconceitos de origem familiar ou de riqueza. Todos eram iguais perante a lei.
   Os Atenienses deixaram de ser organizados por clãs, passaram a ser organizados em distritos, demos. Isto é, a genealogia foi substituída pela topografia e a lealdade dos cidadãos aos seus grupos familiares passou para a comunidade. Foram feitas outras modificações importantes que não vou mencioná-las no momento.
O momento atual
   Quando as cidades jônicas foram dominadas pelos persas, os talentosos escultores, poetas, arquitetos e filósofos se refugiaram em Atenas, que se tornou um centro de artes e cultura. Assim, o ambiente em Atenas se tornou propício para o surgimento da democracia.
   No momento atual, a tecnologia propiciou o desenvolvimento de novos meios de comunicação. Os meios tradicionais de comunicação como os jornais, as revistas, as emissoras de rádios e de televisão estão enfrentando a forte concorrência das redes sociais como meio de transmissão de informações.
  Essas redes, ao contrário das mídias tradicionais, não são facilmente controláveis pelos governos ou grupos de empresários.
   Para entender o momento atual, podemos fazer uma analogia com o comportamento das formigas operárias. Elas não têm uma líder que comanda as suas ações coletivas. Quando uma das formigas descobre uma presa, ela compartilha esta informação com as que estão mais próximas, mas elas estão “conectadas” e a informação se espalha rapidamente, em pouco tempo, um “batalhão” de formigas ataca a presa. Podemos afirmar que a líder das formigas é formada pela vontade coletiva. A líder das formigas é virtual.
   As pessoas em geral e, principalmente, os jovens compartilham piadas sobre políticos, charges, mensagens, fotos e vídeos. Essas informações se propagam e, com o passar do tempo, os efeitos dos péssimos serviços públicos, do descontrole dos gastos públicos e consequente alta da inflação, da inépcia dos governantes e seus assessores vão se acumulando na memória das pessoas bem informadas.
   Neste momento, um acréscimo de vinte centavos na passagem de ônibus e uma convocação através das redes sociais é suficiente para desencadear uma onda de manifestações populares através de todo o país.
   Sem uma compreensão clara dos acontecimentos e ainda atônitos, os políticos começam a agir tomando algumas medidas populistas e convocando reuniões para mostrar que estão trabalhando. Essas reuniões parecem mais uma confraternização, pois o número de pessoas, ou melhor, o número de ministros ou de secretários é assustador. As pessoas não cabem na foto.
   Os constrangimentos dos políticos, a ineficácia dos partidos para representar o povo, a necessidade de mostrar trabalho com o adiamento do recesso dos deputados e senadores. Esses fatos indicam, claramente, que as redes sociais estão provocando o surgimento de um novo tipo de democracia, isto é, a democracia interativa. Mas os políticos não se deram conta disso. Eles se queixam da falta de líderes para dialogar, não entenderam que os líderes das manifestações são formados pela vontade coletiva. As pessoas estão replicando um processo coletivo similar ao das formigas. Com as redes sociais, a humanidade está entrando na era das lideranças virtuais.
   No próximo texto, eu vou dizer como poderá ser o sistema político da democracia interativa.