As autoridades educacionais do nosso país, aparentemente, não percebem
que é necessário definir claramente um conteúdo mínimo que deve ser trabalhado com
os alunos em cada série e para cada disciplina. Isto deveria ser feito para o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio.
Isto não tira a liberdade dos
professores. Cada professor dever ter a liberdade de escolher o livro texto e a
maneira de abordar o conteúdo da sua disciplina.
Esta liberdade é fundamental, pois o conteúdo deve ser apresentado de
maneira acessível ao público alvo. Há diferenças significativas de uma região
para outra, de um bairro para outro, de uma escola para outra, mesmo quando estão
no mesmo bairro, e até de uma turma para outra na mesma escola.
Enquanto não for definido um conteúdo mínimo para cada disciplina de
cada uma das séries, estaremos limitando as oportunidades e comprometendo o
futuro de milhões de jovens. O acesso ao conhecimento é direito de todos os
jovens.
Sem uma educação não estamos comprometendo apenas o futuro de milhões de
adolescentes, estamos comprometendo o futuro do nosso país.
Na disciplina de física, por exemplo, quando começamos a estudar
determinado assunto, surgem perguntas do tipo: “Para que serve isso? Qual a
vantagem de estudar física? Qual a utilidade desse assunto?”.
Essas perguntas são respaldadas por alguns
professores que consideram como fundamental, no seu programa de instrução, o
critério de utilidade ou aplicabilidade imediata.
É comum o argumento de que este ou aquele
assunto deveria ser excluído do programa porque o estudante não poderá usá-lo
na prática.
Realmente, o imediatismo de uma aplicação
direta pode segurar a atenção de um estudante; todavia, quando a aplicação
passa a ser o triunfo e o conhecimento meramente um meio para um fim, as
perguntas revolucionárias desaparecem, a busca pelo conhecimento perde a sua
dinâmica e a criatividade dos alunos pode mergulhar no “oceano” da suposta
inutilidade.
Esse método não é consistente com a evolução
do conhecimento, pois a indução eletromagnética não foi descoberta por pessoas
práticas que estavam procurando uma maneira de gerar eletricidade.
Como a corrente elétrica defletia a agulha
de uma bússola, Faraday supunha que uma corrente elétrica poderia induzir outra
corrente. Mas ao realizar a experiência, ele observou que a alteração (ou
variação) da corrente elétrica produzia a indução.
Não foram empreendedores que queriam
transmitir sinais de televisão via satélite que descobriram as ondas
eletromagnéticas. O objetivo de Hertz era comprovar a existência das ondas
eletromagnéticas previstas na teoria de Maxwell.
O raio laser não foi descoberto por físicos
pagos para desenvolver uma nova arma de guerra. O desenvolvimento do raio laser
teve início com um trabalho de Einstein sobre a absorção e emissão espontânea
de radiação pela matéria.
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