sábado, 20 de julho de 2013

A falta da definição de um conteúdo curricular



   As autoridades educacionais do nosso país, aparentemente, não percebem que é necessário definir claramente um conteúdo mínimo que deve ser trabalhado com os alunos em cada série e para cada disciplina. Isto deveria ser feito para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.
   Isto não tira a liberdade dos professores. Cada professor dever ter a liberdade de escolher o livro texto e a maneira de abordar o conteúdo da sua disciplina.
   Esta liberdade é fundamental, pois o conteúdo deve ser apresentado de maneira acessível ao público alvo. Há diferenças significativas de uma região para outra, de um bairro para outro, de uma escola para outra, mesmo quando estão no mesmo bairro, e até de uma turma para outra na mesma escola.
   Enquanto não for definido um conteúdo mínimo para cada disciplina de cada uma das séries, estaremos limitando as oportunidades e comprometendo o futuro de milhões de jovens. O acesso ao conhecimento é direito de todos os jovens.
   Sem uma educação não estamos comprometendo apenas o futuro de milhões de adolescentes, estamos comprometendo o futuro do nosso país.
   Na disciplina de física, por exemplo, quando começamos a estudar determinado assunto, surgem perguntas do tipo: “Para que serve isso? Qual a vantagem de estudar física? Qual a utilidade desse assunto?”.
   Essas perguntas são respaldadas por alguns professores que consideram como fundamental, no seu programa de instrução, o critério de utilidade ou aplicabilidade imediata.
   É comum o argumento de que este ou aquele assunto deveria ser excluído do programa porque o estudante não poderá usá-lo na prática.
   Realmente, o imediatismo de uma aplicação direta pode segurar a atenção de um estudante; todavia, quando a aplicação passa a ser o triunfo e o conhecimento meramente um meio para um fim, as perguntas revolucionárias desaparecem, a busca pelo conhecimento perde a sua dinâmica e a criatividade dos alunos pode mergulhar no “oceano” da suposta inutilidade.
   Esse método não é consistente com a evolução do conhecimento, pois a indução eletromagnética não foi descoberta por pessoas práticas que estavam procurando uma maneira de gerar eletricidade.
   Como a corrente elétrica defletia a agulha de uma bússola, Faraday supunha que uma corrente elétrica poderia induzir outra corrente. Mas ao realizar a experiência, ele observou que a alteração (ou variação) da corrente elétrica produzia a indução.
   Não foram empreendedores que queriam transmitir sinais de televisão via satélite que descobriram as ondas eletromagnéticas. O objetivo de Hertz era comprovar a existência das ondas eletromagnéticas previstas na teoria de Maxwell.
   O raio laser não foi descoberto por físicos pagos para desenvolver uma nova arma de guerra. O desenvolvimento do raio laser teve início com um trabalho de Einstein sobre a absorção e emissão espontânea de radiação pela matéria.

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