As manifestações de rua e os apoios das
janelas mostram um descontentamento da população que abrange os poderes
legislativo, executivo e judiciário. Uma lista com os escândalos envolvendo os
poderes legislativos, nas esferas municipal, estadual e federal, durante os
últimos vinte anos, provavelmente, teria mais páginas que todos os volumes da
Enciclopédia Britânica.
Chegamos a uma situação insustentável,
existem mais de vinte partidos com representantes no Congresso, mas eles não refletem os anseios e a indignação da
população. Entre os deputados e senadores predominam os interesses próprios, os
interesses dos partidos e das empresas que financiaram suas campanhas. Os
programas dos partidos não saem do papel. Os partidos não entram em ressonância com as necessidades da população.
As manifestações de rua obrigaram os
deputados e senadores a trabalharem. Eles estão aprovando algumas medidas
paliativas. Mas ainda não entenderam que os tempos mudaram, as pessoas estão
conectadas. É preciso efetuar mudanças no sistema político que levem em conta os
efeitos coletivos das redes sociais.
Como os partidos políticos estão sem
credibilidade, a desmoralizada democracia representativa não funciona mais. É
preciso mudá-la para um sistema misto. Com a tecnologia atual já é possível adotar
um sistema de representação misto, com as modificações:
- Reduzir
o número de deputados federais dos atuais 513 para 250;
- Adotar
o voto distrital e tornar o voto facultativo (o custo das campanhas eleitorais
seria drasticamente reduzido);
- Cada
distrito elege um deputado e tem direito a mais um representante virtual, isto é,
a decisão por maioria simples dos votos, via Internet, dos eleitores de cada
distrito.
Mudanças
similares podem ser feitas nas esferas municipal e estadual.
Com esse sistema, pelo menos nas questões
importantes ou polêmicas, os eleitores participariam diretamente das decisões,
além de propiciar uma enorme economia para os cofres públicos. Esse dinheiro
economizado poderia, por exemplo, ser usado para melhorar os salários dos
professores da rede pública, dos médicos e enfermeiros dos hospitais públicos, e
dos policiais.
Eu não tenho a ilusão de que este sistema
misto, ou algo similar, será adotado tão logo no Brasil. Mas as redes sociais
vieram para ficar, as pessoas tomam conhecimento de um determinado fato e
imediatamente “irradiam” a informação para os amigos. Assim como as formigas não
precisam de uma líder para convocá-las e comanda-las durante o ataque a uma
presa. As pessoas não precisam mais de um líder para convocá-las e liderá-las durantes
uma manifestação por melhores serviços públicos ou para exigir seus direitos.
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