terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Divisão do Conhecimento



  Até o ano de 1800, os estudiosos ainda eram conhecidos simplesmente como filósofos e o currículo universitário básico para todos os estudantes era constituído pelas sete artes liberais que ia da retórica à astronomia. Nessa época, ocorreu a divisão do currículo universitário básico em Ciências Naturais e Ciências Sociais.
   Antes da divisão do currículo universitário básico, os egressos das universidades exerciam mais de uma atividade. Os mais brilhantes se tornavam verdadeiros polímatas; isto é, eruditos com conhecimento de todo o “curso” ou “currículo” de estudos. Os exemplos mais notáveis de polímatas são: Galileu Galilei (1564 – 1642) e Leonardo di ser Piero da Vinci (1452 – 1519). Galileu preocupava-se com os problemas ligados à engenharia. Ele fez pesquisa em física, foi professor de matemática, astrônomo e filósofo. Leonardo da Vinci pode ser considerado como o maior polímata (do grego polymathēs, πολυμαθής, “aquele que aprendeu muito”) de todos os tempos. Ele foi arquiteto, matemático, escultor, anatomista, poeta, pintor, músico, engenheiro, inventor, cartógrafo, precursor da aviação e da balística.


   À medida que as informações foram se acumulando, os filósofos sociais começaram a atuar em áreas mais específicas tais como psicologia, sociologia, economia e etc.
   Com esta divisão surgiram, no século dezenove, as palavras: perito, profissional, cientista, departamento e especialista. Assim, surgiram áreas do conhecimento que foram chamadas de especialidades e receberam nomes específicos.
   Com o passar do tempo, o conhecimento na ciência natural (ou filosofia física) foi se aprofundando e ampliando. Os filósofos naturais também começaram a atuar em áreas mais específicas, ou seja, eles escolhiam um ou outro seguimento do empreendimento científico para trabalhar e, com frequência, se separavam do domínio da física.
   O estudo da composição e interação das substâncias passou a ser a química; o estudo da natureza física da terra deu origem à geologia; o estudo do movimento e da posição dos corpos celestes deu origem à astronomia; o estudo da função, da estrutura, e das relações mútuas dos organismos vivos passou a ser a biologia; e assim por diante. O estudo das relações abstratas das formas e dos números passou a constituir o que chamamos de matemática. Assim, a matemática deixou o domínio das ciências naturais e passou a constituir um corpo lógico, mas continua a ser uma ferramenta poderosa que os cientistas usam para desvendar os segredos da natureza.
Divisão artificial
   Inicialmente, a divisão do estudo da natureza (ou filosofia física) em várias especialidades (ou áreas) foi útil e parecia natural e apropriada, pois criou domínios que, aparentemente, eram completamente independentes um do outro. Assim foi possível estudar, por exemplo, geologia ou astronomia sem qualquer referência à química ou à biologia. 
   Com o passar do tempo, as técnicas desenvolvidas em uma das áreas tornou-se útil em outras. Consequentemente, o isolamento dessas áreas foi desaparecendo. Por exemplo, as técnicas físicas no estudo dos átomos passaram a ser usadas no estudo das reações químicas e, assim, surgiu uma nova área (ou campo de trabalho) conhecida como físico-química. Essas técnicas também provocaram o surgimento da biologia molecular.
   As técnicas físicas no estudo da interação da radiação com a matéria passaram a ser usadas na determinação da constituição química e estrutura física das estrelas e deu origem à astrofísica. As técnicas desenvolvidas na física para o estudo das vibrações são usadas pelos geólogos no estudo das vibrações que ocorrem durante um terremoto e surgiu, assim, a área de conhecimento conhecida como geofísica.                                       
   Como a ciência é uma busca sem fim pelo conhecimento, cada área está se dividindo em várias áreas mais restritas ou especializações. Por exemplo, na física temos: física nuclear, física molecular, física do plasma, física estatística, física das partículas elementares, teoria de campos, física do estado sólido (ou matéria condensada) e assim por diante.

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