Circuito para demonstrar a natureza da descarga de uma centelha. |
Para
compreender as experiências que levaram à descoberta das ondas de rádio,
precisamos desvendar a natureza
oscilatória das centelhas produzidas nas descargas elétricas sob
determinadas condições.
Suponha um circuito igual ao da figura ao
lado, consistindo de um condensador (ou vaso de Leyden), uma bobina de indução
e uma abertura de centelha formada por duas pequenas esferas.
Após carregar o condensador, aproximamos
lentamente uma esfera da outra, a voltagem entre as placas do condensador (ou
vaso de Leyden) provoca subitamente uma centelha.
Em 1842, quando Joseph Henry (1797
– 1878) realizou esta experiência, ele percebeu que a corrente não fluía
continuamente em um único sentido, ela oscilava de um lado para outro até a dissipação
de toda a energia. Este fenômeno é análogo à oscilação de um pêndulo.
Verificação experimental
Corte o fio do circuito da figura anterior em um ponto
qualquer como indicado na figura ao lado e insira um pedaço de papel
mata-borrão embebido em uma solução de iodeto
de potássio (KI) misturada com amido. Agora, a corrente passa através do
papel mata-borrão, mas a eletrólise resultante libera iodo no pólo positivo.
Como o iodo dá ao amido uma coloração azul
intensa, a região que ficar mais próxima do pólo positivo deve tornar-se azul,
deixando a outra extremidade sem alteração de cor. Mas a experiência mostra que
o amido deixa ambas as extremidades do papel mata-borrão com a cor azul.
Conclusão, a corrente não flui
num único sentido, ela oscila de um lado para outro. Em uma única descarga,
durante menos de um milésimo de segundo, pode ocorrer milhares de oscilações.
Em 1886,
Hertz mostrou que a descarga de uma única centelha produz uma corrente
alternada (CA) com uma frequência enormemente grande.
Experiências de Hertz
Em suas experiências, Hertz
usou um circuito “condutor primário” - ou antena
transmissora, como se diz atualmente - com duas placas de latão, com
aproximadamente 40cm de lado, ligadas por
um fio de cobre com 60cm de comprimento. No
meio deste fio havia uma abertura de centelha, na qual as oscilações da
centelha eram produzidas pelas descargas de uma bobina de indução. O condutor
foi colocado a 15cm acima do piso com o
plano das placas na vertical, vide figura acima. O circuito secundário - ou antena receptora, como se diz atualmente
– consistia de um fio dobrado na forma de um retângulo para formar um circuito
quase fechado. O seu tamanho foi escolhido de maneira que sua frequência
natural de oscilação coincidisse com a frequência do circuito primário.
Sob as condições descritas acima, os dois
circuitos entravam em ressonância elétrica quando ocorria uma descarga
elétrica. As duas placas de latão funcionam como as placas de um vaso de
Leyden, tendo o ar como meio dielétrico entre elas. Como o espaço entre elas é
relativamente grande, o campo elétrico entre essas placas se estende por uma
região relativamente grande.
Em um vaso de Leyden, o campo elétrico fica
confinado numa região estreita determinada pela espessura do vidro. O arranjo
usado por Hertz possibilita a irradiação de uma grande quantidade de energia
para o espaço sob a forma de ondas eletromagnéticas, toda vez que ocorre uma
oscilação de corrente entre as placas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário