sábado, 14 de setembro de 2013

A harmonia das esferas e a busca pelas leis do movimento planetário



 
 Modelo do universo (Taça Cósmica): a esfera mais externa é a de Saturno. Ilustração do
 Mysterium cosmographicum de Kepler.
  Durante uma aula de matemática, Kepler traçou uma figura geométrica no quadro que mostrava um triângulo com um círculo inscrito e outro circunscrito. Olhando para os dois círculos, ele percebeu que as suas razões eram as mesmas que as órbitas de Saturno e Júpiter. Esta observação foi inspiradora, pois os planetas Saturno e Júpiter eram, naquela época, os planetas observados mais externos (os primeiros) e o triângulo é a primeira figura da geometria.
   Kepler descreve que tentou, imediatamente, inscrever no intervalo seguinte, entre Júpiter e Marte, um quadrado, entre Marte e a Terra, um pentágono, entre a Terra e Vênus um hexágono... Não deu certo. “Avancei mais uma vez. Por que procurar formas bidimensionais para adaptar órbitas no espaço? É preciso procurar formas tridimensionais e, olhe caro leitor tens agora, em mãos, o meu descobrimento!”
   Havia apenas cinco sólidos perfeitos, e cinco intervalos entre os planetas! “Dia e noite passei-os em cálculos para verificar se a minha afirmação se condizia com as órbitas copernicianas, ou se o meu júbilo seria levado pelo vento...”.
   O décimo segundo capítulo, do Mysterium, alude à harmonia pitagórica das esferas, procurando relações entre os sólidos perfeitos e os intervalos das notas musicais, emitidas pela lira cósmica, cujas cordas são os círculos das órbitas planetárias. Tudo não passou de um sonho, mas a harmonia das esferas embalou a busca pelas leis do movimento planetário.

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