Modelo do universo (Taça Cósmica): a esfera mais externa é a de Saturno.
Ilustração do
Mysterium cosmographicum de Kepler.
|
Durante uma aula de matemática,
Kepler traçou uma figura geométrica no quadro que mostrava um triângulo com um
círculo inscrito e outro circunscrito. Olhando para os dois círculos, ele
percebeu que as suas razões eram as mesmas que as órbitas de Saturno e Júpiter.
Esta observação foi inspiradora, pois os planetas Saturno e Júpiter eram, naquela
época, os planetas observados mais externos (os primeiros) e o triângulo é a
primeira figura da geometria.
Kepler descreve que tentou,
imediatamente, inscrever no intervalo seguinte, entre Júpiter e Marte, um
quadrado, entre Marte e a Terra, um pentágono, entre a Terra e Vênus um
hexágono... Não deu certo. “Avancei mais uma vez. Por que procurar formas
bidimensionais para adaptar órbitas no espaço? É preciso procurar formas tridimensionais
e, olhe caro leitor tens agora, em mãos, o meu descobrimento!”
Havia apenas cinco sólidos
perfeitos, e cinco intervalos entre os planetas! “Dia e noite passei-os em
cálculos para verificar se a minha afirmação se condizia com as órbitas
copernicianas, ou se o meu júbilo seria levado pelo vento...”.
O décimo segundo capítulo, do
Mysterium, alude à harmonia pitagórica das esferas, procurando relações entre
os sólidos perfeitos e os intervalos das notas musicais, emitidas pela lira
cósmica, cujas cordas são os círculos das órbitas planetárias. Tudo não passou
de um sonho, mas a harmonia das esferas embalou a busca pelas leis do movimento
planetário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário